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UM PAR DE BOTAS

UM PAR DE BOTAS

UPB no 1º de Janeiro

Caminheiros,

O dia de hoje  vai ficar marcado na nossa memória (história).
Saiu uma reportagem sobre o UM PAR DE BOTAS (UPB) num jornal diário, e de grande prestigio - O 1º de Janeiro (suplemento de Vila do Conde).

Quero desde já agradecer ao referido jornal por ter enveredado por este assunto (pedestrianismo) e mandar um agradecimento muito especial à jornalista que realizou a reportagem - Liliana.
Muito obrigada :)

Sempre que precisarem da nossa ajuda, aqui estamos!

Sem mais delongas, aqui vai o texto da reportagem (quem pretender a versão impressa tem que ir a Vila do Conde comprar. Tentarei arranjar o máximo de exemplares. Quem pretender, e não pode deslocar-se a Vila do Conde, mandem mail ao Zimbro):

Grupo de Pedestrianismo vila-condense encontrou refúgio nas montanhas

«Um par de Botas» para o Gerês

Semanalmente um grupo de caminheiros, criado em Vila do Conde, calça o seu par de botas para enfrentar mais um trilho esculpido pela montanha. Para trás fica a rotina, restando apenas o abraço silencioso da natureza. Desta vez, o JANEIRO quis acompanhar.

Liliana Leandro

 

São 8h00 de um domingo acinzentado, mas no parque de estacionamento da Faculdade de Engenharia do Porto algumas mochilas indicam o início de um percurso. Neste ponto de encontro junta-se quem quer alinhar em mais uma caminhada serra acima, por trilhos quase desconhecidos mas que permitem o verdadeiro contacto com a natureza. Depois de todos presentes segue-se para o segundo ponto de encontro em Braga com paragem obrigatória no café já conhecido pelos caminheiros. É altura de despertar e vencer os últimos sinais de sono, além dos incentivos para quem se estreia nestas aventuras. Deixando para trás a cidade, e a caminho da Peneda Gerês, o nevoeiro vai tomando conta da estrada, escondendo ainda mais os tímidos raios de sol. “É melhor para caminhar, assim não se vê o percurso”, brincou alguém. Afinal, ia ser uma caminhada com um início bem brusco, numa subida um tanto ou quanto “puxada”. Entre curvas e contra-curvas, que abraçam os montes, o verde intenso vai deixando ver, aqui e ali, as típicas casas de pedra e a água de um rio que corre para o mar. Chegados ao Gerês são agora 19 os caminheiros prontos para enfrentar a montanha. Pelas 10h45 começa a marcha, a subida para a Portela de Leonte. Mochila às costas, inspira-se fundo para arrancar monte acima, por trilhos marcados pelos pastores que por aí levam o gado para prados mais verdes.

 

Pé-ante-pé

A primeira parte do percurso deveria demorar 30 minutos, tinha dito o  Medronho, o líder do grupo. De facto, todos os participantes acabam por ganhar uma alcunha, geralmente relacionada com a própria natureza: Zimbro Vermelho, Colina Pl’Ana, Andarilhus, Papoila, Lobo Mau, Sanabria, Jana da Selva, Sherpa, Fungo, … Apenas uma hora mais tarde se finalizou a subida ou não fossem os «caloiros» a querer acompanhar o ritmo dos mais experientes, ficando para trás pelas limitações da própria condição física, pouco habituada a este tipo de esforço. “Já andei tanto pelo Porto mas nunca me cansei assim”, dizia o Luís. Mas este é um caminho completamente diferente; sinuoso, feito de pedras e quase primário. São rochas que se vão sucedendo num trilho escondido, apenas sinalizado pelas mariolas dos pastores. No fim da subida, quando as pernas há muito começaram a reclamar por descanso, eis que surge a planície qual oásis no meio da montanha. Aqui o silêncio é apenas interrompido pelas exclamações, e sorrisos, de uma vitória. É neste ponto que se encontra a mariola (um conjunto de pedras sobrepostas que vão assinalando o caminho a seguir) criada pelo «Um Par de Botas»: o nome deste grupo de caminheiros. Para marcar mais uma caminhada, acrescentam-se mais alguns seixos ao monte já elevado. Primeira pausa para recuperar energias com sumos de fruta, barras de cereais sem esquecer as brincadeiras para animar. Afinal, antes de caminheiros são um grupo de amigos bem dispostos que partilham um mesmo gosto, uma mesma paixão pelos lugares assim criados e onde podem deixar para trás os dilemas, os problemas, o alcatrão cinzento da cidade, as preocupações, o cansaço e até o fumo acumulado nos pulmões. Aqui o espaço aberto não permite tais deambulações pelos lugares tresmalhados da mente. O corpo, pelo próprio corpo, quer apenas caminhar um pouco mais além, tentando curar os rasgões e fendas não dos músculos mas da própria incerteza.

 

Pé-posto

“Vamos agora seguir até ao Vale Teixeira”, diz o Medronho fazendo com que todos se levantem e se preparem para prosseguir. O Cara-Pálida logo pega no seu pau de apoio, um instrumento que já se tornou indispensável a estas caminhadas. O «Um Par de Botas» também tem um, transportado pelo Medronho qual cajado. “Este já serviu para muitos percursos e já é uma imagem de marca inseparável”, havia contado. O relógio marca as 13h00 quando finalmente se chega ao vale no qual os montes, quase despidos de vegetação, se fundem numa linha imaginária que serpenteia até um horizonte interrompido por mais uma montanha. Para lá chegar desceram-se amontoados de pedras criados pelos cursos de água que a Primavera derreteu. São pedras que rolam e se rebolam sobre os pés, postos com um enorme cuidado, equilíbrio e perícia.

É hora para almoçar e preencher de sons o silêncio do próprio vale. Fala-se de percursos feitos, de projectos futuros, de caminhadas a fazer como mais espaços a conquistar. Entretanto, e como as botas pedem mais, eis que se interrompe o percurso inicial para a ele se adicionar mais uma subida. “Vamos até aquele monte”, diz o Sherpa. O restante grupo, ainda que com algumas reticências, acaba por seguir ou não fosse a curiosidade mais forte. Só os caloiros ficam em terra, deixando a conquista destes novos «mares» para «marinheiros» mais experientes. Apenas uma hora e já estão de volta; sorridentes e satisfeitos por esta vitória inesperada. “Valeu bem a pena. Dava para ver a Roca Alva, Roca Negra, Pé de Cabril, as Lagoas do Vale Teixeira...”, comentou o Medronho. Alguns curativos para os efeitos secundários do par de botas e está tudo a postos para o regresso. Consulta-se o gps, que um Loban’Dante até levou, para mais algumas informações sobre distância percorrida e localização, tiram-se as últimas fotografias da paisagem, do grupo, do instante e até de uma pequena flor. É já tempo de voltar, subir a encosta até à mariola e daí até à Portela de Leonte. Uma a uma, as mochilas voltam às costas dos caminheiros que olham o percurso a fazer, esperando que este ainda traga algumas surpresas. As mariolas dos pastores, colocadas estrategicamente, vão ajudando a descobrir os trilhos escondidos pelas pedras, arbustos e pelo próprio ambiente selvagem que reconhece a propriedade trespassada e o tenta recuperar. “Já só falta um bocadinho”, vai dizendo o Cara Pálida para animar. O regresso é rápido, a vontade de voltar fala mais alto que o prazer de caminhar; ou talvez gritem os dois ao mesmo tempo. Os caminhos, agora reconhecidos, parecem mais simples, quase se abrem para deixar passar o grupo. São agora 18h00 e chega-se ao ponto de partida. Depois de cinco horas e onze minutos, para percorrer um total de 11,5 quilómetros, sobram as caras afogueadas, as pernas cansadas, a pele salgada, a vontade em fazer muitas e mais caminhadas e, claro está, sobra o sempre presente, mesmo que já gasto, inevitável par de botas.

 

História

O «Um Par de Botas»

A iniciativa nasceu a 20 de Março de 2004 com a primeira caminhada a Leonte, Serra do Gerês. “Surgiu de forma espontânea, fruto da vontade de caminhar partilhada por várias pessoas”, explicou Fernando Pontes (aka Medronho). A motivação principal é

o desejo de “se movimentar ao ar livre, respeitar a natureza e sentir-se parte integrante dela”, acrescentou. Após a primeira caminhada, que reuniu um grupo de 10 caminheiros, foram aderindo mais e mais pessoas. “Nas últimas caminhadas já superamos as 20. O núcleo está a aumentar, não só em Vila do Conde como no Porto e Braga”.

Importa não esquecer que estas caminhadas, por trilhos escondidos e que fogem à civilização, requerem alguma preparação. “É preciso um esforço físico pelo que a pessoa tem de estar disponível para dar alguma coisa com a contrapartida de ir receber muito mais em troca que é usufruir da natureza e sentir um certo regresso ao que se deveria ser”, comentou Jorge Pópulo (aka Andarilhus)”.

A escolha dos caminhos, marcados quinzenalmente ou semanalmente consoante a vontade dos caminheiros, é ao acaso existindo uma especial preferência pelo Gerês. Quanto ao equipamento, o “tudo depende do local onde se faz a caminhada” sendo aconselhado o uso do afamado par de botas. Tudo isto é combinado por Internet, num blogue criado por Fernando Pontes (http://umpardebotas.blogs.sapo.pt/) o qual acredita que esta “foi sem dúvida uma forma de publicitar o grupo, e de o dinamizar pela troca de ideias, sendo que muitas pessoas aderem às caminhadas a partir do blogue onde tiveram conhecimento das actividades”. No entanto, Fernando defende que “o método tradicional ainda resulta melhor, embora receba e-mails diariamente a pedir informações sobre as caminhadas do «Um Par de Botas»”.

 

«Estória»

O Prazer de Caminhar

“Olá, o meu nome é Joana, sou uma jovem bracarense de vinte anos e muitos meses que ainda se dedica ao estudo, desta feita em Arquitectura Paisagista”, assim começou a conversa com uma das caminheiras do UPB, também conhecida por Jana da Selva, que se juntou ao grupo para subir à Portela de Leonte. A caminhada não a assusta já que encontrou nesta actividade uma relação quase simbiótica. Como contou, foi por causa do “imenso prazer” que tira das mesmas, e da experiência com a natureza,  que descobriu que a Arquitectura Paisagista fazia sentido. Em Fevereiro teve conhecimento do grupo, entre conversas de amigos e, depois de alguma investigação, lá se estreou em Abril numa caminhada por Montemuro. Quanto aos “botas”, como lhes chama, estes “têm um truque de mágica qualquer porque quem experimenta não deixa de voltar e acaba uma caminhada com amigos. As pessoas partilham o que querem e o que podem sem pedir nada em troca”. De facto, ali não há pressas, o importante é simplesmente ir...

 

p.s.: DOMINGO TEMOS CAMINHADA EM FAFE (ver post anterior)

 

 

 

 

 

publicado às 08:48

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