Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

UM PAR DE BOTAS

UM PAR DE BOTAS

NO RUÍDO DO SILÊNCIO

O exercício da caminhada põe-nos à mercê de diversas emoções e sentimentos. E, se alguns caminheiros são bastante discretos em relação à expressão de sentimentos outros quase que necessitam mesmo de os extravasar.

Como é sabido o desporto normalmente gera habituação. E os sentimentos de bem-estar gerados pela prática desportiva são uma das causas que induzem ao reforço e à continuação da sua prática. Há quem chegue a falar de “viciados” no desporto e, eles existem sem dúvida. Poucos dias após uma caminhada é normal já se estar ansioso pela próxima! E isto, não é só pela actividade física em si mas, muito também pelo convívio dentro do grupo.

Mas que sensações procuramos, alienamos, atingimos numa caminhada? Por que é que as vamos encontrar em locais inesperados?. Sim porque não há sítio nem hora específica para tal.

Quando olhamos para uma paisagem carregada de tons de cor, de cheiros, de ruídos variadíssimos, reagimos de imediato e de forma muito diferente daquela a que estamos habituados diariamente, na cidade. A harmonia da natureza tem destas coisas, despoletar em nós reacções que por vezes julgávamos perdidas ou inexistentes que, por vezes eram até desconhecidas. A nossa admiração pela paisagem é incrementada com o esforço da caminhada. É como um prémio por termos atingido um local muitas vezes impossível de alcançar pelos transportes motorizados. É algo que foi uma conquista nossa.

Há quem se dedique apenas a olhar a paisagem, outros a fotografar flores, ou as formas alteradas das rochas pela erosão do vento e da chuva, ou as formas do relevo, ou os conjuntos arbóreos; e há aqueles que simplesmente procuram o silêncio ou os ruídos que o interrompem. Chegamos tão alto às vezes e, o que ouvimos? O ruído do silêncio! A ausência do ruído! Contemplamos e adoramos esses pequenos momentos únicos. Em que nos tornamos ainda mais pequenos face à Mãe Natureza.

 

Apesar de caminharmos em grupo, por vezes, há alturas em que nos sentimos alheados de tudo. Como se estivéssemos sozinhos. Procuramos o nosso espaço, a nossa solidão no meio da “multidão”. Muitas vezes estamos a caminhar com o grupo e damos por nós “a caminhar sozinhos”. Como se os outros não estivessem ali.

A envolvência dentro de um grupo de caminheiros permite que as pessoas se conheçam e se relacionem de forma muito diferente da que a vida quotidiana o permite. Na montanha o grupo tem de manter-se coeso. O grupo terá de garantir a segurança de todos e terá de estar preparado para resolver qualquer problema que surja. Daí que cada um compreenda o necessário equilíbrio entre individualismo e sentimento de grupo. Os momentos de diversão são mais uma fonte de bem-estar e que contribuem para o bom relacionamento e boa disposição entre os elementos dos diferentes grupos que se formam nas diferentes caminhadas.

 

Texto publicado em 2007 no jornal "O Primeiro de Janeiro"

logo.jpg

 

publicado às 13:41

Patrocínios

1 comentário

Comentar post

Mais sobre mim

imagem de perfil

AGENDA MENSAL

JANEIRO

11 - 12 SERRA DA ESTRELA

FEVEREIRO

1 SERRA DO GERÊS

Arquivo

  1. 2025
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2024
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2023
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2022
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D
  53. 2021
  54. J
  55. F
  56. M
  57. A
  58. M
  59. J
  60. J
  61. A
  62. S
  63. O
  64. N
  65. D
  66. 2020
  67. J
  68. F
  69. M
  70. A
  71. M
  72. J
  73. J
  74. A
  75. S
  76. O
  77. N
  78. D
  79. 2019
  80. J
  81. F
  82. M
  83. A
  84. M
  85. J
  86. J
  87. A
  88. S
  89. O
  90. N
  91. D
  92. 2018
  93. J
  94. F
  95. M
  96. A
  97. M
  98. J
  99. J
  100. A
  101. S
  102. O
  103. N
  104. D
  105. 2017
  106. J
  107. F
  108. M
  109. A
  110. M
  111. J
  112. J
  113. A
  114. S
  115. O
  116. N
  117. D
  118. 2016
  119. J
  120. F
  121. M
  122. A
  123. M
  124. J
  125. J
  126. A
  127. S
  128. O
  129. N
  130. D
  131. 2015
  132. J
  133. F
  134. M
  135. A
  136. M
  137. J
  138. J
  139. A
  140. S
  141. O
  142. N
  143. D
  144. 2014
  145. J
  146. F
  147. M
  148. A
  149. M
  150. J
  151. J
  152. A
  153. S
  154. O
  155. N
  156. D
  157. 2013
  158. J
  159. F
  160. M
  161. A
  162. M
  163. J
  164. J
  165. A
  166. S
  167. O
  168. N
  169. D
  170. 2012
  171. J
  172. F
  173. M
  174. A
  175. M
  176. J
  177. J
  178. A
  179. S
  180. O
  181. N
  182. D
  183. 2011
  184. J
  185. F
  186. M
  187. A
  188. M
  189. J
  190. J
  191. A
  192. S
  193. O
  194. N
  195. D
  196. 2010
  197. J
  198. F
  199. M
  200. A
  201. M
  202. J
  203. J
  204. A
  205. S
  206. O
  207. N
  208. D
  209. 2009
  210. J
  211. F
  212. M
  213. A
  214. M
  215. J
  216. J
  217. A
  218. S
  219. O
  220. N
  221. D
  222. 2008
  223. J
  224. F
  225. M
  226. A
  227. M
  228. J
  229. J
  230. A
  231. S
  232. O
  233. N
  234. D
  235. 2007
  236. J
  237. F
  238. M
  239. A
  240. M
  241. J
  242. J
  243. A
  244. S
  245. O
  246. N
  247. D
  248. 2006
  249. J
  250. F
  251. M
  252. A
  253. M
  254. J
  255. J
  256. A
  257. S
  258. O
  259. N
  260. D
  261. 2005
  262. J
  263. F
  264. M
  265. A
  266. M
  267. J
  268. J
  269. A
  270. S
  271. O
  272. N
  273. D
  274. 2004
  275. J
  276. F
  277. M
  278. A
  279. M
  280. J
  281. J
  282. A
  283. S
  284. O
  285. N
  286. D

Mensagens

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.